Nesta edição do FINCAR, serão ofertadas duas atividades formativas que acontecerão nos dias 18 e 19/08, das 9h30 às 12h30, no Paço do Frevo. São elas a oficina Cine Latino e a Vivência em Curadoria da Perspectiva das Mulheres:
O que podem as mulheres para a legitimação e escritura histórica dos filmes de mulheres e de suas trajetórias?
Após dois anos da primeira Vivência em Curadoria da Perspectiva das Mulheres no Cachoeira Doc (2016), o encontro surge novamente no FINCAR (2018), resultado da parceria entre os festivais. Trata-se de uma continuidade da reflexão sobre o tema que não se esgota, levando em conta a passagem dos acontecimentos entre esses dois momentos.
Em 2016, as bases já eram desenhadas pela vivência em sua provocação:
Quando pensamos que a existência histórica dos filmes é uma construção da crítica e das instituições curatoriais, instâncias majoritariamente ocupadas por homens, como não suspeitar que a aparente frágil presença de mulheres no cinema brasileiro não se deve também às perspectivas masculinas que estariam imiscuídas aos critérios de valoração dos filmes? Nos perguntamos, então, em que medida a atuação minoritária das mulheres na curadoria e na crítica condiciona os parâmetros de legitimação dos filmes em vigor, bem como a notável negligência crítica em relação às mulheres do/no cinema brasileiro. Assim, a partir da consideração de que a curadoria, instância fundamental para a inscrição dos filmes na História dos cinemas, é uma ação política e perspectivada, a Vivência em curadoria da perspectiva das mulheres levanta e tenta enfrentar a questão: o que podem as mulheres para a legitimação e escritura histórica dos filmes de mulheres e de suas trajetórias?
Chegamos a 2018 e muito se debateu e se tensionou dentro e fora dos espaços de arte e de festivais de cinema. O debate sobre representatividade e representações das mulheres aprofundou-se com a forte incorporação da noção de interseccionalidade, ou seja, com a intensificação dos tensionamentos e reflexão sobre o cruzamentos entre questões de gênero, classe e raça. A localização sócio-histórica dos corpos que ocupam os espaços de curadoria e realização vem se fazendo urgente. A afirmação dos sujeitos que agenciam as tramas de visibilidades na cena cinematográfica enquanto corpos historicamente posicionados tem tornado-se uma demanda, sendo essa afirmação não um fim em si mesma, mas um ponto de partida para um debate estético-político sobre as imagens.
Parece que o mesmo texto provocativo de 2016 se faz ainda atual e devemos destrinchá-lo mais. Pois é possível notar que nesses tensionamentos, o teor político do trabalhado curatorial e de realização é questionado a que veio, não cabendo mais o discurso de olhar neutro e universal. Isso também se valendo para as produções audiovisuais de autoria de mulheres.
Na perspectiva das mulheres, como não poderia deixar de ser, com mulheres no plural. Nós, em nossa diversidade e divergências, debatemos o que DAR A VER e COMO. Sem pretender um discurso harmonioso feminino comum, questionamos se o consenso nos serve em nossos debates sobre as imagens e seus gestos políticos.
Na segunda edição da Vivência em Curadoria da Perspectiva das Mulheres, nos reuniremos para debatermos provocações propostas por cinco curadoras: Amaranta Cesar, Janaína Oliveira, Carol Almeida, Lia Letícia, Maria Cardozo e Caroline Pavez Torrealba. . A partir de suas experiências e reflexões sobre curadoria, cada uma delas levará ao grupo três objetos (filmes, textos, imagens etc) a partir dos quais serão desenvolvidos os debates.
>O Encontro acontecerá nos dias 18 e 19/08 (sábado e domingo), das 9h30 às 12h30 (6h total da vivência), no Paço do Frevo. As inscrições serão gratuitas e serão ofertadas 40 vagas para mulheres, através de envio de um e-mail com seu nome para fincar.comunicacao@gmail.com com o assunto “VIVÊNCIA EM CURADORIA”. As vagas serão preenchidas por ordem de inscrição.
Facilitadoras:
Amaranta Cesar é professora e pesquisadora de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. É Doutora em Estudos Cinematográficos pela Universidade de Paris 3 – Sorbonne Nouvelle. Idealizou e é curadora do CachoeiraDoc – Festival de Documentários de Cachoeira, realizado na cidade de Cachoeira, Bahia. Tem publicado artigos e capítulos de livro sobre Cinemas Africanos e das Diásporas, Cinemas Indígenas, Documentário e Cinemas Militantes.
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Janaína Oliveira é pesquisadora e curadora, é doutora em
História e professora desta disciplina no Instituto Federal do Rio de Janeiro – Campus São Gonçalo, onde coordena o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígena (NEABI). É membro da APAN (Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro), além de idealizadora e coordenadora do FICINE, Fórum Itinerante de Cinema Negro (www.ficine.org). Atualmente é professora visitante no Centro de Estudos Africanos na Universidade de Howard, em Washington D.C. nos EUA.
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Carol Almeida é doutoranda no programa de pós-graduação em Comunicação na UFPE, com pesquisa centrada no cinema contemporâneo brasileiro, é integrante do coletivos Elviras (Mulheres Críticas de Cinema), da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e do Mape (Mulheres no Audiovisual Pernambuco). Já integrou juris de festivais como Tiradentes, Mostra de São Paulo, Janela de Cinema e Animage. Faz parte da equipe curatorial do festival Olhar de Cinema (Curitiba), ministra com frequência uma oficina sobre representação da mulher no cinema e escreve sobre cinema no blog
foradequadro.com
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Lia Letícia é natural de Porto Alegre, trabalhou com cenografia em teatro e escola de samba. No final da década de 90 muda-se para Olinda e explora a pintura em diversos suportes, inclusive o audiovisual. Surgem as primeiras investigações em videoarte e filmes experimentais. Além de escrever e dirigir seus próprios filmes, trabalha como diretora de arte. É educadora no projeto de experimentação audiovisual Escola Engenho e no Tardes de Quintal. Coordena o Cinecão, a Mostra Criaturas Urbanas, além de projetos na Galeria Maumau.
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Maria Cardozo é diretora e montadora graduada em jornalismo pela Unicap. Idealizadora e diretora artística do Festival Internacional de Cinema de Realizadoras – FINCAR; mestranda em Comunicação na UFPE, onde pesquisa sobre curadoria audiovisual com mulheres. Seu primeiro longa, “Onde começa um rio”, aborda as ocupações universitárias de 2016.
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Caroline Pavez Torrealba é produtora audiovisual em Punta Arenas, no Chile, desde 2001. A sua trajetória na indústria cinematográfica incluem os longas-metragens “Taxi para tres”, “Mi mejor enemigo”, “Gente mala del Norte”, “Patagonia de los Sueños”. Sua aproximação com audiovisual foi através de formação não sistemática. Fez cursos de produção e gestão cultural em Cuba, Argentina e Chile, e é o produtora do grupo cultural Proa, desde a sua criação em 2007, onde é coordenadora e curadora da Mostra de Cinema Latinoamericano “Polo Sur”, em Punta Arenas. Em 2013 se aperfeiçoou na escola internacional de cinema e televisão em San Antonio de Los Baños, Cuba, no curso de “Curadoria e networking para mostras e festivais de cinema”.
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Oficina Cine Latino
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MULHERES NO CINEMA LATINO-AMERICANO
(Carga horária: 6h)
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Ementa
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A oficina teórica sobre mulheres no cinema latino-americano abordará a história do cinema latinoamericano através do olhar de duas diretoras e seus períodos históricos. Sara Gomez, a primeira cineasta mulher (e negra) do cinema cubano pós-revolução, e Paz Encina, cineasta paraguaia que tece um cinema sobre a memória.
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Facilitadora: Lílian de Alcântara
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Lílian é graduada em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal da Integração Latino-americana, dirigiu Putta (2016) e Onde Anoitece (2018), pesquisa história do cinema latino-americano. Foi bolsista do Núcleo de Audiovisual e Documentário da Fundação Getúlio Vargas (RJ) e atualmente trabalha com preservação audiovisual no Vídeo nas Aldeias. Já foi oficineira no Encontro Internacional de Letras, no Ponto de Cultura Cinema de Animação e na Associação Floresta Protegida, também nos festivais Animacine e Maré.
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> Inscrições gratuitas através de envio de um e-mail com seu nome para fincar.comunicacao@gmail.com com o assunto “OFICINA CINE LATINO”. Oferta de 20 vagas para mulheres que serão preenchidas por ordem de inscrição.